segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ALIENISTA - 2008/2010

PROJETO (3552) - SELECIONADO PELO PROART - SME - PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO - 2009/2010


O ALIENISTA - da obra de Machado de Assis -  dramaturgia: HERCULES MAIA KOTSIFAS
Convidados pelo Núcleo de Ação Cultural do SESC–SP (Pompéia) em 2008 - para desenvolver este projeto em parceria com dramaturgo Hercules Maia Kotsifas, que aconteceu no mês de agosto e setembro na exposição/instalação Rios de Machado, na sala verde, dando continuidade à pesquisa que o Grupo realiza sobre a dramaturgia e a encenação, nesta primeira fase realizamos uma performance.



Após o convite do Núcleo de Ação Cultural, buscamos a construção de um texto e de uma sonoridade própria, abordando as questões sobre “sanidade” narradas pelo personagem Dr. Simão Bacamarte, num contexto insólito, onde não sabemos de fato quem é louco ou o que é a loucura afinal?!
Desenvolvido em duas etapas (dramaturgia, construção cênica em conjunto com trabalho do ator), o texto, inicialmente, passou por uma adaptação (feita pelo dramaturgo Hercules Maia Kotsifas), o período de apresentações no SESC - Pompéia serviu para edificar nosso projeto.              


Simão Bacamarte está no interior da cidade de Itaguaí, onde resolve dedicar sua vida a uma causa muito maior, que é o estudo da patologia cerebral. Para isso constrói em Itaguaí a casa dos dementes, apelidada mais tarde por casa verde por alusão a cor das janelas.

Sinopse do Espetáculo:

Dr. Simão Bacamarte recebe o publico para uma “palestra” sobre demência e loucura. Quais os limites da razão? Existe de fato cura para demência? Estes e outros temas sobre a sanidade mental serão abordados nesta apresentação.

Duração: 50 min.
matéria sobre a performance Guia da Folha:

A sala O Alienista... 
Entre as performances, destaque para a do ator Marco Antonio Garbellini, realizada aos sábados e domingos, às 16h e 18h. Ele interpretará o personagem Dr. Simão Bacamarte, médico e protagonista do romance "O Alienista" - dramaturgia de Hercules Maia Kotsifas.

acesse:
http://guia.folha.com.br/passeios/ult10050u436364.shtml
Matéria Guia da Folha:
*Machado de Assis é considerado o maior escritor do Brasil e, consequentemente, muito se fala sobre ele: da sua capacidade de criar em diferentes gêneros, de seu estilo inconfundível, de seu domínio da linguagem, da sua complexidade de pensamento, de sua maestria na observação psicológica e de mais uma infinidade de temas cabíveis dentro do universo fecundo de um escritor tão profícuo. No entanto, diante da quantidade de estudos feitos sobre a obra ficcionista, pouco foi dito acerca de uma de suas facetas mais características e complexas: o seu humor irônico. O talento humorístico do artista sempre é citado pelos críticos, mas poucos se ocuparam do estudo do humor machadiano

Lucia M. Pereira, biógrafa do literato, diz que “sob as aparências do ceticismo risonho, Machado deixou em sua obra um travo amargo de desengano” e nessa perspectiva percebe-se que o escritor pode ter buscado sua técnica de composição humorística nos ingleses. A conseqüência disso é que parte dos leitores brasileiros, acostumados ao humor escrachado e à caricatura grosseira, não encontra a graça nos escritos machadianos, uma vez que ela reside na sutil demonstração do ridículo diário, na tênue caricaturização dos absurdos que a sociedade aceita como cotidianos.
*Revista CONHECIMENTO PRÁTICO – LITERATURA – edição n. 26 (O Humor Machadiano em O ALIENISTA) por José Maria Boutckosky da Silva

Participação especial nas apresentações do sesc-pompéia (2008)  dos atores:
Alexsandro Santos, Bruno Feldman e Reinaldo Taunay.
Fotos: Carla Valenca 

sábado, 31 de outubro de 2009

Querência - Leitura dramática neste sábado (21 de novembro - 17h) na Oswald de Andrade no dramática MUNDO MIX

CLICK NO LINK ABAIXO E ASSISTA PARTE DO ENSAIO DE QUERENCIA - FEITO EM JANEIRO DE 2008 -

QUERÊNCIA
"Querência" um projeto é criado por Raquel Anastásia, Marco Antonio Garbellini, Leandro Siqueira eFrederico Santiago, com base na construção de uma dramaturgia própria e com foco no trabalho de ator. Esse discurso cênico que vem sendo elaborado dentro da sala de ensaio revela uma linguagem áspera, nas relações estabelecidas entre as personagens e seus questionamentos sobre a vida, onde uma Existência é o ponto de partida.

Encontramos dois homens presos, para que um Garantir sua sobrevivência, deixam-se enganar por "promessas" fraudulentas em busca de um trabalho decente, numa sociedade que aproveita a impunidade de crimes contra os direitos humanos, esta sociedade aparentemente fictícia, surgiu da pesquisa que Realizamos sobre o trabalho escravo não em Brasil com base de textos da OIT (Organização Internacional do Trabalho). O texto "Querência" recria a vida de homens separados da vida normal, despertando nenhum espectador a mesma reflexão que inquietou o grupo Teatro dAdversydade, possibilitando assim ampliar seu repertório e tocar num universo árido. Entretanto, a idéia central é a de um Diálogo simbólico com esta realidade, ao invés da reconstrução naturalista destas relações, não tanto dramaturgia quanto no campo da encenação e da construção das personagens.
Nossa proposta é trabalhar livremente, Através de imagens, sensações e atmosferas estabelecidas no texto, traduzidas cenicamente num processo colaborativo entre atores, direção e dramaturgo, abordando a vida de Homens Prisioneiros, entregues à inanição num ambiente adverso, marcados por violência nas relações.
Dentro das dramaturgias teatrais por nós pesquisadas, a poesia ea poética do texto tem Sido uma constante em nossos trabalhos - um caminho que garante um olhar lírico, menos realista, que servem a uma opção estética citada anteriormente.
O vocabulário utilizado no texto foi criado tendão por base o estudo da obra de João Guimarães Rosa. Buscamos neste autor o aprofundamento dos problemas da sondagem que inquietam o ser humano de qualquer lugar e tempo - O Sentido da Vida, a ocorrência do bem e do mal, assim recriarmos para os diálogos e depoimentos Elaborados. Nossa história desenrola-se numa região não especifica, mas reconhecível por nós, num espaço geográfico e temporal que não se demarca por latitudes e longitudes, pelos números nem fazer sotaques ou calendário.
Desde o início do espetáculo os atores já estão em cena.Um dos homens está lendo a bíblia, como um desses grandes centros dos pastores, o outro observa, um afia "Facão" esperando o momento de InterAgir.
O "jogo" entre os atores é assumido e explicitado para o público todo o tempo, sem uma perspectiva ilusionista. O público vê o espaço cênico delimitado onde os atores ficam em situação de confinamento.
Um quadrado de arrame cria o espaço de ação desses homens ea luz, que mais do que iluminar o espaço cria uma sensação de vigilância ao se entrecruzar em Diagonais.

Os figurinos sugerem roupas de trabalhadores braçais.
A partir desse momento, a luz, os sons e as músicas do espetáculo são suaves ou não se ouve absolutamente nada, pois eles estão distantes ou afastados de tudo e de todos. Ainda não é Possível saber se estão realmente longe do olhar da sociedade ou se foi esta que se acostumou um não percebe-los, virando o rosto para o lado ao passar por homens como eles.
Depoimentos --
Sobre Ensaio Aberto que realizamos em janeiro e fevereiro de 2009:
Querência é o lugar onde sempre se retorna. Palavra significativa tanto em português quanto em espanhol, representa uma nostalgia intensa de obsidio um, um lugar no mundo, para sempre perdido. É desse lugar que somos todos, ao mesmo tempo Prisioneiros e estrangeiros. Nesta obra teatral os atores encenam com grande impacto intrasubjetiva uma dialética entre o eterno retorno impossível ea voz e comanda que Conduz o conflito dos supliciados falantes, esmagados entre o impulso de volver limites e os (Neuróticos) que instauraram se para impedi-lo. Mesmo quando este mal-estar social se faz e se torna uma luta mortal ao melhor estilo hegeliano. Um espetáculo que vale a pena por colocar em cena uma tragédia dos heróis solitários em que nos transformamos os humanos, buscando em Deus (hoje, Mercado e Ciência) uma ajuda extrema ea punição infinita, de modo concomitante. Como os Penitentes que se auto-flagelam sob o imperativo das vozes de sereia das "incelenças". Em suma, um Querência é o Princípio de Nirvana: uma volta ao estado inorgânico. E a promessa de Paz.
Por isso recomendo esta Peça teatral.
Arnaldo Domínguez - Lapa, SP, 26 de maio de 2009.
(Psicanalista)
...
Assisti os ensaios do Teatro dAdversydade - Querência do espetáculo de Marco Antonio Garbellini com direção de Raquel Anastásia e que após este ensaio aberto e as reflexões que este projeto pude abordar com, onde questões existências são deflagradas com uma série de ações violentas, uma relação onde de dois homens nos salta aos olhos pela total impossibilidade de comunicação e de um total abandono afetivo entre as personagens, denominadas no espetáculo como homem1 e homem2.
A direção de Raquel Anastásia  cria ao mesmo tempo imagens ásperas, violentas e poéticas ea dramaturgia de Garbellini - nos lança num território arido e vasto também carregado de poesia, com odores, soluços eo desespero de homens que foram tirados de suas vidas normais e lançados num arcabouço árido e extremamente cruel, onde são revelados para o espectador sem nenhum artifício seus sonhos suas crenças e seus desesperos.
O teatro com dAdversydade seu Núcleo de Criação: Marco Antonio Garbellini, Leandro Siqueira, Raquel Anastásia e Frederico Santiago, tem pesquisado o que nomeiam como Dramaturgia do Ator onde uma poética ea preocupação estética Aliada ao aspecto humano tem Sido uma constante em seus trabalhos.
André Augusto
Programação Cultural / Sesc Carmo/SP-2009
Sobre o ensaio aberto que assisti na Oficina de Atores Nilton Travesso: Dois homens enclausurados na repetição cotidiana e mecânica de seus gestos. Enquanto um afia sua lâmina de um trabalho, o outro afia o aço de suas palavras, num mantra entorpecente que suspende os personagens para fora do plano de uma Existência naturalista, adentrando-os no espaço-tempo circular e contínuo da fábula. Aos poucos, somos tragados para o interior deste universo hipnótico - de palhetas agrestes evocativas de tios Iauaretês, Diadorins e Riobaldos - levados a testemunhar uma estranha forma de amar que se eles estabelece entre eles. Amor masculino, desesperado e desamparado. Um amor entre brutos, que só encontra sua expressão total através da violência - explicitado pelo embate de músculos e, ao mesmo tempo atravessado pela fé na palavra redentora.
A dramaturgia vigorosa e a atuação visceral de Marco Antonio Garbellini, acompanhado em cena por Lenadro Siqueira, faz de Querência um espetáculo obrigatório, visto que certamente merece ser aplaudido e por plateias mais Amplas.
João Luiz Guimarães - 2009 - Jornalista e Roteirista
Sobre a Querência Dramaturgia:
    Quando iniciamos uma pesquisa dramatúrgica e literária Levantamos uma série de leituras de textos da obra de Shakespeare: Hamlet, Otelo e Macbeth. A pergunta que fazíamos neste período de estudos qual era o tema que iríamos tocar neste projeto. Após ler-mos essas três peças, Percebemos uma inadequação humana, uma luta constante entre o bem eo mal, entre o agir ea impossibilidade de ação, uma violência nas relações. Que todas essas questões humanas e existências não são de hoje os homens que movem sem sentido da criação, nós sabíamos isso. O que mudou de fato? Voltamos a questionar temas que iríamos pesquisar. O que nos levou a ler esses textos e não outros? Após uma série de encontros, onde debatemos e discutimos essas questões, uma Percebemos que era comum fala a questão do abandono nas relações. Então perguntamos qual abandono SOE reveríamos?
Voltamos a pesquisa literária, uma busca por textos que pudessem nortear novamente a nossa fala. Descobrimos um texto chamado Primaveras Perdidas, de Filliph Wandenberg, neste texto encontramos nove homens presos num campo de concentração, o que nos chamava atenção era uma uma relação de dependência e crueldade estabelecidas entre os personagens principais, o estado de abandono em que esses homens se encontravam dentro das relações sociais e humanas.
    Nomeamos esses personagens como homem1 e homem2. Dividimos e nomeamos o texto por situações. Neste momento o que não ficava claro, era porque montar um texto, que trata da vida de soldados presos num campo de concentração. Mesmo assim continuamos nossos encontros para ler, debater e discutir o tema e tratado como situações que com ele Poderíamos levantar.
Levantamos Inúmeras Possibilidades de abordar esta situação, nos dias atuais. Uma que nos chamou a atenção foi o contexto dos Trabalhadores braçais, Vivem em que Condições subumanas em várias Regiões do país. Encontramos um texto da Organização Internacional do Trabalho, nesse texto uma série de depoimentos de trabalhadores, homens e mulheres, mantidos sobre forte esquema de vigilância, em Condições Miseráveis e num regime de humilhação constante, eram relatados. Percebemos nesse texto da O.I.T. - O Lugar onde encontraríamos esses homens; homem1 e homem2.
    Tínhamos um tema após seis meses de pesquisa, encontramos o local, ou seja onde se passava essa situação, mas ainda faltava um desses homens fala.
Não Poderíamos JAF os diálogos que encontrávamos em Primaveras Perdidas, simplesmente porque esses diálogos não caberiam na boca desses homens. Com um quadro mais claro, uma linguagem da pesquisa agora seria outro passo. Nossa pesquisa com trabalhos anteriores poética fez com que decidíssemos começar pela obra do João Guimarães Rosa. O que buscávamos na obra desse autor, era uma linguagem poética e sua fluente. Concentramos-nos em duas obras do autor: Primeiras Estórias e Sagarana. Elegemos algumas falas e estilos de linguagens utilizadas por este autor.
A partir daí trabalhamos cada situação, que já haviamos Levantado num primeiro momento, agora o que nos faltava era traduzir "como" esses homens se portavam falariam o que dentro daquele contexto.
    Finalizada esta primeira etapa da pesquisa dramatúrgica, que envolveu leitura de textos, debates e uma avaliação do caminho que haviamos percorrido. Percebemos que o que buscávamos não era um tema, mas um conteúdo ea maneira que iríamos nos dirigir ao público com ele, uma inadequação humana que atingi o intelecto, o corpo ea alma desses homens.
(FOTOS: RAQUEL Anastasia)



agradeçemos aos parceiros que ajudaram e participaram da nossa pesquisa: RENÉ PIAZENTIN (coordenou estudos da dramaturgia e construção cênica) - FABIO TORRES (pesquisa dramaturgica) - os atores: WELLINGTON VOCCI - ADRIANO BOLSHI e EMERSON ALCAITE (participaram dos exercícios, estudos de textos e criação cênica)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Madame Bovary - Criação e execução: Raquel Anastásia e Marco Antonio Garbellini

MADAME BOVARY - de Gustave Flaubert - Dramaturgia: Hercules Maia Kotsifas - Fotos: Nelson Kao - SESC - Carmo - SP - bate papo com Samuel Titan, membro do conselho Editorial da Revista Cardernos, e Márcia Tiburi, escritora e professora da Academia Internacional de Cinema - após o bate papo apresentação da "Leitura dramática" de Madame Bovary - criação e execução de Raquel Anastásia e Marco Antonio Garbellini (Revista SESC-SP-setembro-2007)    


Emma - (Sozinha) Sinto-me como uma casa sem mobília. (Folheia o romance Paulo & Virgínia; olha o palco todo vazio e nota um vaso com um buquê de flores de noiva, seco e amarelado, amarrado com fitas de cetim. Fecha o livro. Olha para Charles e olha para o vaso. Charles percebe, apanha o buquê e joga longe. Emma abre o livro e continua lendo. Pára de ler, olha para o público) O que será feito do meu buquê de noiva quando eu morrer? Cada flor que ali está eu mesma colhi. (Deixa o livro num canto) Preciso começar a reforma dessa casa. Primeiro vou tirar esses castiçais, quero colar papéis novos nas paredes, pintar a escada, e fazer um banco no jardim em frente ao relógio de sol.


Emma – (Para o público) A conversa de Charles é sem graça como uma calçada. Ele se acha muito feliz e eu o detesto por aquela calma bovina, aquela serenidade pesada, alimentada da felicidade que eu lhe dou. Charles se alimenta de mim ; eu, ao contrário, não tenho do que me alimentar.
Emma – (Para si) Tenho um amante! Tenho um amante! Tenho um amante!
(Ouvem-se sinos tocando)







...(Volta a escrever) O mundo é cruel, Emma. Você seria desprezada e caluniada por todos em toda parte. Estou partindo, para onde não sei, estou louco, adeus. (Para si) Está pronto. E se ela me procurar? (Volta à carta) Por favor não me procure, parto para longe, não quero revê-la mais, quem sabe um dia possamos conversar como amigos. (Para si) Como assino agora? Teu amigo? Isso mesmo teu amigo! Devia levar vestígio de lagrima. Mas não conseguiria chorar. (Pega um copo com água e molha o dedo e deixa cair sobre a carta. Fuma cachimbo.)
Emma – (Desprezo)Tenho pena de você! Muitíssima pena! Quando se é pobre não se coloca prata na coronha do fuzil! Não se compra um relógio com incrustações de brilhante! Nem berloques! Nada lhe falta! Nada! Até um porta bebidas em seu quarto você tem! Você ama só a si próprio. Tem um castelo, fazendas, bosque. Caça com cavalos e cães, viaja para Paris.... Não é mesmo?

Eu teria dado tudo, teria vendido tudo, teria trabalhado com minhas mão, teria mendigado pelas estradas, por um sorriso, por um olhar, para te ouvir dizer: “Obrigado”. Fica aí tranqüilamente nessa poltrona, como se já não me tivesse feito sofrer bastante. Sem você, sabe bem, eu poderia ter vivido feliz! Quem te forçou a me seduzir?
Onde estão os nossos projetos de viagem, se recorda? Tua carta, tua carta! Ela me despedaçou o coração! Depois, quando volto para você, você que é rico e que pode me ajudar, você me repele! Me repele por míseros três mil francos!

Emma – A morte é coisa bem insignificante! Vou dormir e tudo terá acabado!


"FIM"

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Anjo Torto - um Solo poético - baseado na obra de Carlos Drummond de Andrade


 "Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida..."

Com estas palavras, do melhor poeta da Segunda geração do período modernista da nossa literatura - Carlos Drummond de Andrade - o nosso personagem José Carlos, um morador de rua, inicia o seu depoimento. Tomamos emprestadas algumas das poesias do mineiro de Itabira e seu inquieto e profundo questionamento do mundo e de si mesmo, para compartilharmos junto ao público um momento de visita aos lugares comuns; um inusitado e sábio contado com a ampla realidade da vida.
















 Fazendo o uso da fluência e do poder de penetração da linguagem coloquial ousamos transformar as poesias num relato vivo de um homem que, para compreender a própria alma, abriu mão de tudo e "foi morar como selvagem entre árvores e esquecimentos". José Carlos é um refinado observador dos arquetípicos movimentos da vida. Para nós trata-se aqui de percebermos a humanidade e sabedoria que se revela por trás de cada palavra desse anjo torto.













Quando o público entrar o nosso contador de histórias está em cena; José Carlos veste um blusão de moletom velho e gasto, cinza, ele recebe cada espectador com um olhar firme e fundo.
Ele está parado, imóvel, como um observador raro, vestido com uma calça de agasalho azul escura, um lençol xadrez também todo sujo de manchas escuras. Um cobertor velho e desgastado.
Dois sacos grandes, onde ele carrega seus pertences; dentro duas almofadas velhas, três garrafas de água, tocos de velas, caixas de fósforo, uma bacia média e quatro pedrinhas. Fora do saco uma rosa de plástico esta pendurada.
Alguns caixotes estão espalhados do lado esquerdo e direito do espaço a ser apresentado, dando a impressão de que estamos diante de um lugar abandonado que há muito tempo não é visitado por ninguém.

Algumas folhas e gravetos estão espalhados pelo chão. Uma luz próxima às luzes que são
utilizadas na rua, de uma precariedade comum aos grandes centros. Uma parte do espaço é iluminada na outra extremidade tem se uma luz fraca.
O público ouve a música Janela de Apartamento de Décio Rocha, que toma conta do espaço e cria uma primeira atmosfera, pronto o convite para ouvir o depoimento desse homem está feito.
Aos poucos a música vai sumindo do espaço e José Carlos, abre o depoimento com o Poema de Sete Faces; e a constatação de que esse homem destoa daquilo que conhecemos como população de rua, ou do homem burguês e moderno, já que ele sabe que tem um destino a ser cumprido, pois nem todos têm a sabedoria de se saber “gauche” na vida.





 Ficha Técnica "ANJO TORTO"
• DIREÇÃO: SERGIO MILAGRE  
DRAMATURGIA/ATOR: MARCO ANTONIO GARBELLINI
• PREP.CORPORAL/VOZ: RAQUEL ANASTÁSIA
 FIGURINOS: TEATRO DADVERSYDADE
• LUZ: LEANDRO SIQUEIRA
• FOTOS: CLAUDIA PUCCI E MARCELO KAN
• PRODUÇÃO: MARCO ANTONIO GARBELLINI
• ASSIST. DIREÇÃO: SILVANA BELIZARIO
• MÚSICA: JANELA DO APARTAMENTO (DÉCIO ROHA)
• DURAÇÃO: 50 MIN.


Breve histórico das apresentações:

 Estréia - Coreto do Parque da Água Branca / SP (2000)

Teatro Irene Ravache na Oficina de Atores Nilton Travesso (2001)

Espaço Cultural Moema e Fábrica das Artes (Araras/SP, 2001)

Casa de Cultura (Sarandi/PR, 2001)

Teatro do Colégio Estadual "Dr. Gastão Vidigal" (Maringá/PR, 2001)

Reflexos de Cenas/SESC CONSOLAÇÃO (2002)

Teatro Silvio Romero (2002)

Teatro do Colégio Objetivo (Araras/SP, 2002)
PUC / Pátio da Cruz (SP) -
Apres. projetos sociais da Frente
Universitária Humanista (2003)

Projeto da UEE e UNE - Espaço CUCA (SP, 2004)

Virada Cultural - Casa das Rosas (SP, 2005) 

Virada Cultural - Parque Joaquim Nabuco (SP, 2006)


MATÉRIAS DE JORNAIS:






(DEPOIMENTO)