"Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida..."
Com estas palavras, do melhor poeta da Segunda geração do período modernista da nossa literatura - Carlos Drummond de Andrade - o nosso personagem José Carlos, um morador de rua, inicia o seu depoimento. Tomamos emprestadas algumas das poesias do mineiro de Itabira e seu inquieto e profundo questionamento do mundo e de si mesmo, para compartilharmos junto ao público um momento de visita aos lugares comuns; um inusitado e sábio contado com a ampla realidade da vida.
Fazendo o uso da fluência e do poder de penetração da linguagem coloquial ousamos transformar as poesias num relato vivo de um homem que, para compreender a própria alma, abriu mão de tudo e "foi morar como selvagem entre árvores e esquecimentos". José Carlos é um refinado observador dos arquetípicos movimentos da vida. Para nós trata-se aqui de percebermos a humanidade e sabedoria que se revela por trás de cada palavra desse anjo torto.
Quando o público entrar o nosso contador de histórias está em cena; José Carlos veste um blusão de moletom velho e gasto, cinza, ele recebe cada espectador com um olhar firme e fundo.
Ele está parado, imóvel, como um observador raro, vestido com uma calça de agasalho azul escura, um lençol xadrez também todo sujo de manchas escuras. Um cobertor velho e desgastado.
Dois sacos grandes, onde ele carrega seus pertences; dentro duas almofadas velhas, três garrafas de água, tocos de velas, caixas de fósforo, uma bacia média e quatro pedrinhas. Fora do saco uma rosa de plástico esta pendurada.
Alguns caixotes estão espalhados do lado esquerdo e direito do espaço a ser apresentado, dando a impressão de que estamos diante de um lugar abandonado que há muito tempo não é visitado por ninguém.
utilizadas na rua, de uma precariedade comum aos grandes centros. Uma parte do espaço é iluminada na outra extremidade tem se uma luz fraca.
O público ouve a música Janela de Apartamento de Décio Rocha, que toma conta do espaço e cria uma primeira atmosfera, pronto o convite para ouvir o depoimento desse homem está feito.
Aos poucos a música vai sumindo do espaço e José Carlos, abre o depoimento com o Poema de Sete Faces; e a constatação de que esse homem destoa daquilo que conhecemos como população de rua, ou do homem burguês e moderno, já que ele sabe que tem um destino a ser cumprido, pois nem todos têm a sabedoria de se saber “gauche” na vida.
• PREP.CORPORAL/VOZ: RAQUEL ANASTÁSIA
FIGURINOS: TEATRO DADVERSYDADE
• LUZ: LEANDRO SIQUEIRA
• FOTOS: CLAUDIA PUCCI E MARCELO KAN
• PRODUÇÃO: MARCO ANTONIO GARBELLINI
• ASSIST. DIREÇÃO: SILVANA BELIZARIO
• MÚSICA: JANELA DO APARTAMENTO (DÉCIO ROHA)
• DURAÇÃO: 50 MIN.
Breve histórico das apresentações:
Estréia - Coreto do Parque da Água Branca / SP (2000)
Teatro Irene Ravache na Oficina de Atores Nilton Travesso (2001)
Espaço Cultural Moema e Fábrica das Artes (Araras/SP, 2001)
Casa de Cultura (Sarandi/PR, 2001)
Teatro do Colégio Estadual "Dr. Gastão Vidigal" (Maringá/PR, 2001)
Teatro Silvio Romero (2002)
Apres. projetos sociais da Frente
Universitária Humanista (2003)
Universitária Humanista (2003)
Projeto da UEE e UNE - Espaço CUCA (SP, 2004)
Virada Cultural - Casa das Rosas (SP, 2005)
Virada Cultural - Parque Joaquim Nabuco (SP, 2006)
MATÉRIAS DE JORNAIS:
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