quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Anjo Torto - um Solo poético - baseado na obra de Carlos Drummond de Andrade


 "Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida..."

Com estas palavras, do melhor poeta da Segunda geração do período modernista da nossa literatura - Carlos Drummond de Andrade - o nosso personagem José Carlos, um morador de rua, inicia o seu depoimento. Tomamos emprestadas algumas das poesias do mineiro de Itabira e seu inquieto e profundo questionamento do mundo e de si mesmo, para compartilharmos junto ao público um momento de visita aos lugares comuns; um inusitado e sábio contado com a ampla realidade da vida.
















 Fazendo o uso da fluência e do poder de penetração da linguagem coloquial ousamos transformar as poesias num relato vivo de um homem que, para compreender a própria alma, abriu mão de tudo e "foi morar como selvagem entre árvores e esquecimentos". José Carlos é um refinado observador dos arquetípicos movimentos da vida. Para nós trata-se aqui de percebermos a humanidade e sabedoria que se revela por trás de cada palavra desse anjo torto.













Quando o público entrar o nosso contador de histórias está em cena; José Carlos veste um blusão de moletom velho e gasto, cinza, ele recebe cada espectador com um olhar firme e fundo.
Ele está parado, imóvel, como um observador raro, vestido com uma calça de agasalho azul escura, um lençol xadrez também todo sujo de manchas escuras. Um cobertor velho e desgastado.
Dois sacos grandes, onde ele carrega seus pertences; dentro duas almofadas velhas, três garrafas de água, tocos de velas, caixas de fósforo, uma bacia média e quatro pedrinhas. Fora do saco uma rosa de plástico esta pendurada.
Alguns caixotes estão espalhados do lado esquerdo e direito do espaço a ser apresentado, dando a impressão de que estamos diante de um lugar abandonado que há muito tempo não é visitado por ninguém.

Algumas folhas e gravetos estão espalhados pelo chão. Uma luz próxima às luzes que são
utilizadas na rua, de uma precariedade comum aos grandes centros. Uma parte do espaço é iluminada na outra extremidade tem se uma luz fraca.
O público ouve a música Janela de Apartamento de Décio Rocha, que toma conta do espaço e cria uma primeira atmosfera, pronto o convite para ouvir o depoimento desse homem está feito.
Aos poucos a música vai sumindo do espaço e José Carlos, abre o depoimento com o Poema de Sete Faces; e a constatação de que esse homem destoa daquilo que conhecemos como população de rua, ou do homem burguês e moderno, já que ele sabe que tem um destino a ser cumprido, pois nem todos têm a sabedoria de se saber “gauche” na vida.





 Ficha Técnica "ANJO TORTO"
• DIREÇÃO: SERGIO MILAGRE  
DRAMATURGIA/ATOR: MARCO ANTONIO GARBELLINI
• PREP.CORPORAL/VOZ: RAQUEL ANASTÁSIA
 FIGURINOS: TEATRO DADVERSYDADE
• LUZ: LEANDRO SIQUEIRA
• FOTOS: CLAUDIA PUCCI E MARCELO KAN
• PRODUÇÃO: MARCO ANTONIO GARBELLINI
• ASSIST. DIREÇÃO: SILVANA BELIZARIO
• MÚSICA: JANELA DO APARTAMENTO (DÉCIO ROHA)
• DURAÇÃO: 50 MIN.


Breve histórico das apresentações:

 Estréia - Coreto do Parque da Água Branca / SP (2000)

Teatro Irene Ravache na Oficina de Atores Nilton Travesso (2001)

Espaço Cultural Moema e Fábrica das Artes (Araras/SP, 2001)

Casa de Cultura (Sarandi/PR, 2001)

Teatro do Colégio Estadual "Dr. Gastão Vidigal" (Maringá/PR, 2001)

Reflexos de Cenas/SESC CONSOLAÇÃO (2002)

Teatro Silvio Romero (2002)

Teatro do Colégio Objetivo (Araras/SP, 2002)
PUC / Pátio da Cruz (SP) -
Apres. projetos sociais da Frente
Universitária Humanista (2003)

Projeto da UEE e UNE - Espaço CUCA (SP, 2004)

Virada Cultural - Casa das Rosas (SP, 2005) 

Virada Cultural - Parque Joaquim Nabuco (SP, 2006)


MATÉRIAS DE JORNAIS:






(DEPOIMENTO)                

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